terça-feira, 6 de julho de 2010

Cap. 18: A verdade.




Fez-se um silencio morbido na pequena sala mal iluminada. Há alguns quilometros dali podia ouvir-se alguns carros na movimentada estrada. Olhei a mesa a minha frente e ri. Gargalhei enquanto fingia estar incomodada com as algemas.

-Digamos que fui chamado para lhe matar nesse exato momento.- Ele deu um sorrisinho, os cabelos caindo no ombro.

-Por quem?- Arqueei uma sombracelha e fitei seus olhos.

-Alguém.- Ele sabia se portar a minha frente, pois seus pensamentos estavam em algo como um texto escrito em aramaico e um hino em latim.

-Vejo que não pode me contar.- Abaixei a minha cabeça em forma de estar arrependida, o que eu não estava.

-Sim.-Ele disse e estalou cada dedo da mão, um de cada vez.- Alguma coisa para dizer?-Ele me perguntou. Concentrei-me.

-Nada além de que serei morta pela reencarnação do meu ex-amado.- Uma lágrima escapou inocentemente de meus olhos. Ele parou e analisou o que eu falei. Algo como uma mulher morrendo e dizendo algo apareceu em sua cabeça.

-Fale logo.- Ele pediu impaciente.

-Ele se chamava Rilian S. Sua origem ninguém conhece, ele me dizia que ia voltar para meus braços quando eu morri a séculos atrás.

-Como sabes disso?- Ele estendeu uma espada afim de atacar-me.

-Eu não morri totalmente. Eu posso viver várias vezes.

Ele deu uma gargalhada.

-Tenary era humana.

-E me transformei em uma vampira por causa de alguém que não me lembro. Eu me lembro de voce Rilian...-Comentei e ele pareceu não gostar do nome.

-Silva.- Ele disse rude.

-Eu não sabia que ia esquecer tão fácil de mim.- Soltei-me das algemas e andei ao seu encontro. Ele estava imóvel. Fingi cair e olhei seus olhos. Ele não parecia estar nem aí. Me acalmei, convencer ele seria um pouco dificil,principalmente por ele estar pensando em coisas muito diferentes de Tenary.

-Como se chamas de verdade?

-Eu não me lembro, porém me chamam de Mirian.- Aquele nome idiota poderia trazer alguma sorte, se esta tivesse sorte.

-Não me convence Mirian.- Ele estalou os dedos e uma espécie de raio passou por sua mão.

-Morrerei então por ti.- Disse e abaixei a cabeça, dessa vez o deixei sem jeito. Ele lembrou de algo não muito distante...

Uma mulher, ele iria matá-la, ela disse algo como nunca tinha se apaixonado e que não queria morrer assim. Ele não convencido aproximou dela e suas palavras soaram igualmente as minhas.

-Te...Mirian...-Ele parou com os raios e me abraçou. Algumas lágrimas escorriam de seus olhos. Eu consegui tirar lágrimas daquele que todos pensaram nunca sair.

-Voce...Mirian...Eu...

-Shii!-Disse e lhe sorri em forma de agradecimento.

-Quer se...?-Eu já sabia o que ele iria dizer e sabia muito bem que mais uma vez Alluka não gostaria dessa ideia.

-Sim. Mas...Silva... Eu também trago uma filha.- Ele me fitou sem entender.

-Uma situação difícil de lembrar...Eu fui...-Fingi chorar para aquele ser desprovido de qualquer entendimento.

-Não fale Te...Mirian! Nossa filha ficará muito feliz em vê-la!-Ele alegrou-se e eu tentei tirar algo da sua cabeça, mas ele era diferente. Ele poderia estar falando de algo totalmente diferente do que ele estava pensando e essa coisa nem sequer passava em sua cabeça. Era difícil mentir ou tentar aproveitar de alguma lembrança com isso. Fitei-lhe e sorri.

-Trarei-a então.- Ele sorriu.

-O lugar de sempre.- Outro fator idiota foi concordar com ele. Eu sabia onde ele morava, porém não sabia como chegar neste. Por um momento lembranças partiram em minha cabeça e tudo se misturou...Sabrina, Alluka, Kurapika, Rilian, Kalleby e Mirian... E eu... O meu eu realmente.

Toquei em minha cabeça para distrair e pedi para ir buscar Alluka. Ele concordou e segui.

A chuva já cintilava na rua, usando de sua pureza para limpar todos aqueles desprovidos de alguma inocencia. A imagem real do pecado a manchar tudo aquilo que um dia eu fui. Eu era. Aquele ser lastimável a vagar na depressão, a amar sem perceber, a sofrer da mesma forma brilhando escaldante em meu corpo. Eu precisava me alimentar. Tudo que pensei ser eu caindo por terra sobrando apenas o fardo do erro.

-Veja quem encontro.- Alluka apareceu-me como sempre fazia e sorri por um segundo.

-Olá minha pequena.- Ela pareceu não gostar do adjetivo já que logo respondeu:

-Olha só, falou a grande.- Bufou.

-Como anda a vida desde...?

-Desde aquele dia que deixou-me com meu pai? Bem, ótimo para dizer a verdade. Sem uma mãe cujo qual é suja e sem ideias precisas e um pai desnaturado que pouco quer saber de mim. Ótimo, mas alguma pergunta?- Alluka deu um passo a frente.

-Apenas queria lhe informar que terá dessa forma uma nova família.- Sorri e Alluka paralisou. Eu sabia que ela odiava aquelas ideias absurdas e lia tudo que tinha acontecido e como ela tinha que se portar em minha mente.

-Voce...?-Alluka bufou.- Já devia saber.- Ela desapareceu.

Dei um sorriso. Um dos meus únicos verdadeiros com minha alma verdadeira já pecadora.

Alluka estava crescendo...E eu nem tinha percebido.

→Pesquise o que quiser←