terça-feira, 20 de julho de 2010

Cap. 22: Tempos atrás. [narrado por Alluka.]




Fiquei de encontrar com Killua em uma montanha ao norte. Nada muito agradável assim por dizer. Ele era tão lerdo que demorou quase que o dia todo para achar o acampamento. Reclamando como sempre pôs se a gritar:

-FINALMENTE! Não sinto minhas pernas!

-Eu disse para você que era ao norte.- Murmurei mexendo na fogueira que parecia não estar aquecendo o corpo do insolente.

Se não bastasse não ter achado o caminho, ele continuou usando de suas últimas forças para reclamar:

-Ei! Você não falou nada que seria tão longe assim!-Naquele momento tudo se juntava para dar forças a Killua para TENTAR gritar comigo.

Há muito tempo não encontrava alguém que reclamava muito de tudo. Dessa forma, taquei –lhe o que parecia ser uma comida enlatada, não me preocupei se ele estivesse por acaso bebendo pasta de dente , junto de uma colher.

-Tome. Você deve estar com fome.- Disse e ele estava um pouco ...indeciso.

-Como eu abro “isto”? –Ele começou a tentar achar algo eu mostrasse como a maioria das coisas fabricadas algo parecido com “abra aqui”. Era hilariante essa idéia.

-Use suas unhas! Ela serviram para arrancar os olhos de Kikyo, então imagino que essa latinha... Será fácil...

-Por que você não a chama de mãe? –Ele perguntou inocentemente e eu tive que me segurar para naquele momento não arrancar órgão por órgão, tecido por tecido do corpo de Killua.

-Mirian...Kikyo ...para mim ela nunca foi uma mãe.- Disse com toda o ódio que emanava de meu ser. Era lógico que ela já sabia daquilo. Preferi apenas mostrar isso para Killua.

-Por quê?- Perguntou ele curioso para que eu continuasse. A verdade era que eu também não me sentia mal em continuar.

-Sabia que antes de eu vir para cá minha antiga família era de assassinos? –Killua abriu os olhos assustados.

-Não!

-Não é tão conhecida como a sua, mas ainda sim eram todos assassinos. Se auto denominavam-se assassinos das sombras, por sempre matarem à noite.

- Hum...

- Então, desde quando eu tinha 1 ano, começaram a me treinar fervorosamente. E se eu errasse podia ter castigos piores de seu pai aplica em você.

- Por isso que você é a mais adequada quando pedem a fazer esforços considerados sobre-humanos... –Diss e ele pensativo tentando tirar conclusões daquilo tudo.

- Isso. Quando tinha 2 anos, ela foi embora, me deixando lá para treinar. Só a via de vez em quando... mas sempre longe da família. Nesse tempo, comecei a fazer minhas encomendas de morte. Sempre à noite. Sozinha... Nunca tive amigos... Só o nada.-Fitei Killua. Tudo que enfrentara contando minuciosamente para ele.

-Irmãos? –Ele perguntou como se irmãos valessem mais do que qualquer coisa.Ri.

-Adotados. Todos compartilhando apenas o mesmo desejo...

-Qual? –Pergunta Killua me cortando como sempre.

-Massacre.

Os olhos de Killua pularam pela órbita. Perplexo ele tentava não se borrar. Era patético.

- E o seu pai? O que ele pensava?

- Você quis dizer o patriarca da família... Sim! Era de acordo.

- Ele não era seu pai?

- Ela só foi para lá para me parir, para que eu tivesse uma “família” e não o relento. Depois, fugiu. Por isso que não a chamo de mãe.

- Hum... E você? O que pensava?

Olhei o fogo sem foco. Não havia muitas respostas além das mesmas que eu falava e tentava me convencer todos os dias. Havia várias perguntas além também daquelas que rondavam minha cabeça. Me encolhi. Killua nunca entenderia tudo que um dia eu sofrera ou pensara. Tudo fazia parte dos meus problemas e de minhas perguntas.

Fitei o céu tentando não parecer que estava abalada comigo mesma e tentei ainda assim compartilhar minhas dores com Killua.

-Sabe, ás vezes penso se aqueles mitos que os pais geralmente contam aos seus filhos são verdade. Como, por exemplo, o mito de que pessoas ao morrerem viram estrelas.

Lembrei então de uma das coisas que mais me incomodava naqueles últimos tempos.

-Conte Alluka.- Ele pediu.

Olhei o céu e as estrelas a iluminar aquela noite enquanto lembrava daquela noite sombria e fria, enquanto contava minhas dores naquele tempo àquele que provavelmente nunca me entenderia..

E então eu lembrei...

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