quarta-feira, 21 de julho de 2010

Cap. 23:A garotinha de tanto tempo...Narrado por alluka




A história incomodava o mais profundo de meu ser. A angustia a tomar conta de meu ser toda vez que eu lembrava daquela garota...

Killua me olhava esperando que eu contasse para ele. Respirei fundo e pus-me a contar:


- Um dia, fui incubida de matar uma pequena família, um casal e três filhos, que morava numa província no sudoeste de York Shin.
Era uma noite nublada de lua cheia, sem estrelas. Era uma pequena casa de madeira com janelas abertas para ventilar. Peguei uma espada que decorava a sala e subi as escadas para matar a família. Todos durmiam profundamente em seus quartos. Fui para o quarto do casal. Dormiam abraçados como se já soubesem. Os matei decapitando suas cabeças enquanto durmiam.

“Depois disso, aproveitando que todos dormiam, fui me purificar rapidamente, como o costume. A porta do quarto se abre. Me escondi nas sombra dos móveis. Era uma das filhas. Estava chorando, pois teve algum pesadelo. Sua camisola surrada estava molhada com as lágrimas, seu ursinho sujo arrastava-se no chão a cada passo que dava. Ela viu o sangue dos pais a escorrer da cama. Correu para acudi-los. Começou a chorar mais alto. ‘Papai! Mamãe! Fala comigo! Diga que é só um sonho mau!’. Gritava. Não sei como seus irmãos não acordaram. Aproximei-me para acabar com aquilo. Ora, eu apenas iria acabar com o sofrimento da pobre garotinha."

Killua prestava atenção como se aquilo dependesse de sua vida. Fitei-o e continuei:

“Ela percebeu minha presença e se virou. Ela se ajoelhou perante a mim. Seu cabelo castanho claro desgranhado e seus olhos negros e suplicantes. Pedia-me... Não! Implorava-me para salvar seus pais. Fiquei sem reação. Seus olhos negros eram lindos! Puros. Inocentes. Mas eu tinha um dever a cumprir. Então, ergui a espada e a matei.



“Depois disso, alguma força me puxou à janela. Vi o céu. Uma estrela cadente cortou o céu escuro sem luz. Sem estrelas. Virei a cara e vi de novo o rosto da garotinha. Seus olhos arregalados, boca aberta, escorria seu sangue por aquela colcha já manchada de vermelho. Mas seus olhos cintilavam mais forte, como se fosse o brilho daquela estrela que cortou o céu. Embora as lágrimas da garotinha, seus olhos estavam brilhando, brilhando... até que o brilho acabou. Seus olhos escureceram sem aviso. Ficaram negros e opacos. Viraram aquela noite. Onde ela e seus pais morreram."

Fitei a sua reação. Ele estava estagnado. Ele era muito pequeno e inocente para entender um pouco que fosse de minha vida, porém ainda assim me sentia confortável e terminei a sentença:

“Eu nunca tive um pai para chamar de meu, ou uma mãe que ficasse sempre por perto... Não sei se esse mito é verdade porque não tive ninguém que os contasse para mim para me fazer dormir e que me fizesse acreditar...”

Semicerrei os punhos. Odiava lembrar do que sempre estava em meus olhos, o que tivera que me acostumar. Aquela ideologia de pais sempre ao seu lado te contando mitos infantis ou coisas que fizessem lhe amenizar a morte nunca usadas para comigo. A verdade é que eu nunca saberia ao exato como é morrer. Se morrer é padecer no inferno, já tenho certeza que estou morta, o que não deixa de ser verdade. Eu nunca saberei como morrer de verdade e nunca terei alguém triste por me ver morrer. Eu não me importava.

Quando o olhei ele novamente parecia querer se borrar. Seus olhos partindo de mim para as estrelas como se fossemos de outro lugar...

Me deitei para ouvir as perguntas fúteis que Killua ia começar a fazer.

- Você não sabe quem é seu pai?


- Ela nunca me contou.


- Você quer descobrir?


- Não sei se devo...

Pus-me a fitar o céu. Por um instante percebi que Killua reclamava por dentro daquela sopa com um gosto horrível. Fitei ainda assim as estrelas. Eu nunca saberia se as pessoas ao morrerem virariam estrelas. Se cada pessoa que eu matasse virasse estrela eu não saberia como reagir.Todos tão brilhantes e perfeitos. Tinha os matado sem dó.

-Como é que você vai entrar na torre se lá não aceitam mulheres? Já arranjou disfarce?- Ele perguntou tão inocente como sempre. Ri de sua inocencia.

-Hein??

Apontei a mochila encostada numa árvore ali perto e ele ficou a olhar como se tentasse entender.

-Boa noite Killua.-Disse e me virei. Não queria olhar para o Killua enquanto pensava naquela garotinha e em sua morte...
As coisas nunca tinham sido como eu queria... Naquele momento fora a segunda vez que eu tinha pena de alguém .A única diferença era que eu tinha matado esta.Só.

Estava tudo acabado....

-Boa noite- Ele disse se deitando.

Um comentário:

  1. P-E-R-F-E-I-T-O!!!!!!!!!!!!!!!!!!! *OOOOOOO*
    Sempre amei esse cap!
    Na visão da alk ta maaaaaaaara *-*

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